bruno gostava das festas mas o apartamento era pequeno, e tinha sim suas folhas pelo chão - porque bruno só escrevia à mão com sua letra cursiva tão conservadorinha, ele sim era ilegível de arcaico, se recheava de ares estrangeiros, ares passados: bruno falava tanto do mundo das idéias que lhe morava na cabeça universal, eu o ouvia atento e ele me convencia da vida, eu sabia.
ia à praia porque o sol nos deixa tão gostosos, os corpos quentes, a melhor coisa era o sol invasivo nas pálpebras fechadas, o calor profundo que agarrava no dia todo; eu ia à praia e saía o resto do dia praiano, mas não ia tanto assim, só às vezes.
bruno gostava das festas e falava de muitas, eu nem sabia quantas ele ia, não ouvia bem sua porta batendo. bruno fazia o que queria, quem era eu para me importar? ele saía atrás de festas e eu sabia, que ele estava atrás de cotidiano, ele queria se lambuzar d'um cotidiano mais falado, mais novo, eu sei.