lençóis cobrindo-lhe a cabeça, inteira, puxados com muito esforço de todas as partes da cama em que estiveram enfiados, eram lençóis então livres, espalhando-se calmos como um véu sobre seus olhos, e as mãos apertavam-lhe, como se fossem lençóis tão brancos de alma, que lhe envolvessem as peles bonitas como segundas peles, como terceiras
ele deitado em seu mar de lençóis, ele segurava-se, antes de cair no teto, que o teto lhe puxava com força, ele sabia
suas mãos eram punhos fechados chorando, pois que espremiam mesmo o ar, mesmo seus próprios dedos entalados na garganta, ele era punhos e garganta, ele não podia cair no teto
suas mãos presas, lhe ancoravam ante os ventos que lhe vinham, e balançavam as cortinas lindas, cortinas brancas, que lhe lambiam as faces gélidas, cortinas horríveis de almas, de brancos, ondulavam ao vento lhe acariciando os seus lençóis, e seus lençóis queriam quase alçarem-se nos sopros bonitos, levarem-se todos por aí
mas ele inda doía sozinho, porque se pelas mãos ele era cama e lençóis, os seus pés voavam, chutavam, lutavam, pés eles mesmos levantando tudo e acenando às distâncias, pés de ar, pés de longe que não güentavam em si
ele se chamará miguel