eu morava com bruno num apartamentinho muito simpático,
éramos
eu acharia lindo dizer que tinha uma máquina de escrever, que bruno às vezes saía para comprar papel para mim, às vezes eu saía para perambular na rua, a tinta nunca acabava e os quartos eram uma bagunça, com tanto vento marítimo entrando - porque precisava respirar os ares úmidos de noite, e ficava gripado com freqüência - mas as folhas voavam e empenavam a esmo, às vezes os pés sujos de areia ou de chão-mesmo pisavam numa ou duas e era ah! preciso reescrevê-las então. mas seria bucólico, e o mundo hoje tão lento, tão enferrujados os desgastes entre os conhecidos: eu tinha era um pequeno ordinateur (para não largar os eufemismos bonitistas) um lap-top que me pousava no colo, e eu passava na cama ou no sofá, todos os dias saía algo, mas nem se espalhava pela sala nem pelo banheiro - que as impressões hoje não saem limpas, não saem fáceis, tão difícil imprimir - eu só teria espalhar as idéias em projetores nas paredes, mas já sonho demais.
eu morava com bruno já há alguns meses, bruno fazia direito em algum lugar e odiava, mas ia. eu também ia nos meus ódios e todos, não tinha tanta fé nos que não iam, era lento demais pousar.